segunda-feira, 29 de abril de 2013

Après Mai

Alguém ama o mês do seu aniversário? Não sei bem se é por isso, pode ser que amasse Maio, mesmo não havendo qualquer relação existencial, digamos assim, comigo. Eu realmente amo o mês de Maio. Maio para mim é como as flores são para a primavera, essências para que ela seja o que é.

Eu me vejo em Maio, assim como vejo Maio em mim. Eu abro Maio. Meu primeiro mês de todos da minha vida, foi ele. E eu o vivi do começo ao fim. Foi o primeiro, primeiro dia de todos os dias da minha vida. Talvez seja por isso que eu sinta como se ele fosse meu, como se falar Maio fosse dizer, eu. 

Faltam dois dias. Como seria não viver aquele que é simplesmente o dia preferido da minha vida? Mas ainda sim gostaria de beber muito nesse dia. Muito mesmo. As coisas não andam fáceis, sabia? Não é como querer fugir...é só que parece ser a coisa mais interessante a se fazer, a única que ultimamente tem trazido efeitos. Sentidos nos toques, nos dias. Nas paisagens, nas palavras, nas malas. Em mim, no outro, em todos. Há cada momento.

Mas não sei se conseguiria ser feliz depois de simplesmente não viver o meu dia favorito. Não sei como seria, não sei nem se gostaria de saber. As coisas já são complicadas depois de Maio, sabe. Elas já parecem mais monótonas quanto são. Deselegantes, em alguns instantes, até mais quentes. Exorbitantes. Nas minhas entranhas, são estranhas de tão pouco afáveis. 

Em alguns instantes sinto até uma magoa, tristeza, por estar assim tão próximo. Eu ando tão confusa que não sei se queria passar por Maio. Porque não sei como será depois. Meu medo é como será depois de Maio. Como viver depois. Ensaios, ensaios de vida, como até agora, antes de Maio? Eu vivo esperando um tempo, talvez seja esse, talvez, minha vida se resuma em passar por Maio.
Alguém ama assim o mês do seu aniversário? Não sei bem se é por isso, mas nunca me sinto tão feliz quanto durante Maio. 




sábado, 13 de abril de 2013

Toda Poesia

quando eu fizer setenta anos 
então vai acabar esta adolescência

vou largar da vida louca 
e terminar minha livre-docência

vou fazer o que meu pai quer 
começar a vida com passo perfeito

vou fazer o que minha mãe deseja 
aproveitar as oportunidades
de virar um pilar da sociedade 
e terminar meu curso de direito

então ver tudo em sã consciência 
quando acabar esta adolescência 

Toda Poesia, Paulo leminski. pg 55

terça-feira, 9 de abril de 2013

Se nada fosse ainda seria

Faltar-me-ei de sentir algumas vidas
por medo
por falta de tempo
pela consequência dos momentos

puni-me-ei de viver um amor
do pôr que
por outros amores
por consequências
não minhas
deles

viverei-me-ei na inocuidade
por pudor
por falta
por dor
por amor as causas perdidas
por favor

por mim