sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Ir

É engraçado e, insuportavelmente bom nos filmes, quando as pessoas tomam o choque da realidade e resolvem sair da escuridão, fazer algo com relação as escolhas erradas que fizeram, mesmo que seja só um sonho poder voltar atrás, ainda á a decisão, pedidos de perdão... Enxergar, finalmente, que querem viver; sair, sentir cada vento, mudar a cada esquina, dobrar e desbravar cada rua. Percebem quem vale a pena ter na vida delas. Enxergam quem nunca as deixaria esperando, mas que esperaria por elas.

E enquanto o filme corre, ficamos imaginando, nos espelhando entre uma fala e uma situação. Nos espelhamos até na maneira como se resolve, como se em um instante a esperança palpitasse, e parecesse que nada é impossível, afinal. Pra mim, pra você, para aquela situação de dias, ou estado do momento. Parece que tudo acaba bem no fim. Mas quando a tela fica preta, e as letrinhas começam a subir, isso tudo acaba. Você só quer ficar sentado, pois o plano do personagem não parece assim tão genial, tão pouco parece encaixar-se na sua situação.

Mas mesmo com algum cansaço inesplicavel, me peguei precisando começar, precisando que alguma coisa se transformasse, qualquer coisa, seila; arrumar as coisas espalhadas, mudar as que estavam a muito na mesma posição... E no momento em que ia corrigindo as coisas, arrumando, colocando nos lugares -, mudando de lugar, eu me sentia diferente. Continuava eu mas, era diferente. Eu adorei isso, mais do que poderia imaginar. Mais do que imaginei que aconteceria.

E foram nesses últimos dias quando tudo realmente bateu à minha porta, que eu vi que não eram só fantasias - no fundo eu queria tanto que as coisas se transformassem, de mim mesmo, até meus pares meia, que não chegava a acreditar que aconteceria. Sentir uma liberdade, um eu que sobressairá sobre esse que tanto já se escondeu e questionou-se. Agora eu sei que esse eu que é, pode existir. Eu estava como em uma cena de filme, um episódio. Onde apartir de um instante, resolvi que era a hora de fazer o que eu precisava já a muito tempo. Enxerguei que já não poderia mais esperar. E que ninguém traria pra mim o que eu precisava buscar.

Jornal

Acordei bem, com algum gosto de ferrugem na boca, ressaca no estômago. Mas é coisa leve, não impediu-me de fazer torradas e tomar um café. As coisas parecem estar meio melhores, longe do estável, mais dormente, talvez.

Agora estou assistindo jornal, está passando algumas imagens muito parecidas com a Irlanda, mas ao que parece é de algum lugar da Itália ou Portugal, traz uma calma. Esse jornal da manhã é meu preferido.

Ano novo, sobre isso que estão falando agora... ano novo, eu ainda nem preparei minha lista, se à dois dias atrás algumas coisas tivessem acontecido diferente, talvez eu estivesse mais empolgada, com meia dúzia de desejos mais. Com vontade de tudo, de começar, só que agora não sei. Sinceramente é um dos momentos mais cruciais, e eu simplesmente, não sei.

Sabe o que mais me assusta?! Foi algo que percebi, que depois de uma grande decepção nós ficamos menos apegados. Mas de uma maneira irrisória, como se o mundo ficasse em segundo plano. Mas qual o primeiro?

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Assim diziam os poetas

A TV mais previsível do que nunca: as falas, os programas. E eu aqui no sofá, a sensação de dormência, como se tudo ao redor fosse básico, sem mera importância. Nada nem ninguém fala ou faz algo que tenha graça, algo que faça sentir outra coisa. É assim que ficamos depois de um balde de agua fria, não é!? O que a realidade é capaz de fazer! Quando o chão falta as paredes ao redor pouco importam. Quando falta você mesmo, os outros mal parecem existir.

Eu me pego em longos silêncios - maiores que os abtuais: observando a luz, o sol; prestando plena atenção em canções sobre continuar; não desistir; fazer o impossível, pois a vida não é fácil não irmão. São nesses silentes momentos que sentimos falta de como nos sentíamos "mal" antes, pois a maneira de sentir agora é desoladora. Nesses momentos é que fica nítido que sentir saudade pode ser doloroso, brigar com um amigo pode ser triste, perder um amor desolador... mas perder a esperança... á perder a esperança, é brutal.

"Se levante" dizem os poetas cantores; encontre um novo sentido, supere! Mas isso parece a mais perfeita forma de enganação. Encontrar desculpas pro fracasso, dizer para si mesmo que não é tão importante assim, quando na verdade é. Mentir para si mesmo, pra que? É preciso viver esse maldito "luto", continuar com ele, dando essa merecida importância. Era o que mais queria num longo prazo de existência. Por isso só se deixa pra lá quando ir de verdade, não por novos supostos desejos.

Um dia vai passar ou não. Um dia você vai olhar pra traz e dizer que foi melhor assim, ou então, se arrepender pra sempre por não ter se esforçado mais. Mas essa fase de se refazer, "querer outras coisas" para curar-se dos anseios, eu já passei. Coexisto ao que eu preciso, porque o que eu preciso mais é ser o que eu sou, e eu sou o que eu sinto. E é isso que sinto, falta de chão, desinteresse... e que as outras opções são ainda o que eram antes. Nem melhores, nem piores.

Adendo: Existe coisa mais down que retrospectiva?! Como se todos nós já não estivéssemos, exaustivamente cansados do passado. De sermos apegados.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Vinte e sete

Hoje é um dia muito especial. Engraçado eu nunca ter escrito antes no dia 27 ou sobre ele.


Há exatos dois anos atrás tomei umas das decisões mais drásticas da minha vida: depois de alguns meses já pensando sobre isso, tentando começar, finalmente tomei coragem e fiz aquilo que sentia que devia fazer. Era algo inevitável, algo que eu sentia que fazia parte mim.

Me sentia um pouco só, em dúvida, cheia de perguntas. Mas mesmo assim, esse mundo novo, cheio de questionamentos me chamava, pois a realidade estava insuportável, eu não queria mais aquilo pra mim, não podia continuar daquele jeito. Era uma necessidade minha de dentro pra fora, literalmente.

Por isso, em 2009 no dia 26 de Dezembro decidi que não comeria mais carne, e o dia 27 foi o primeiro dia em que não comi nenhum tipo de carne. E de lá em diante deixei de ter carne como definição de alimento.

Descobri um pouco sobre quem eu sou e porque vim ao mundo a partir desse momento: Vegetariana estrita há exatos dois anos.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

E agora não sei se estou vivendo uma eterna ressaca ou um eterno porre. Ta tudo muito doido. Estoy na má fase, mas empolgada estoy. Vou e volto, volto e vou.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Desamor

Hoje, mais do que nunca acordei cedo para que algumas coisas fizessem sentido. Para que alguns anseios e palpitações não tomassem conta de mim. Sugando-me, me deixando sem chão.

Como é ruim quando faltam palavras, quando o que sentimos é de tamanha imensidão, que a única coisa que nós parece possível é ficar quieto, exalado, esperando por horas melhores -, dias melhores -.

Mas pelo menos estou fazendo o possível, fazendo algumas coisas para que isso se vá, ou ao menos, transforme-se em algo mais suportável. As vezes penso que sei muito sobre algumas coisas que me afetam, ou que serão potenciais afetadoras, dai inicio as coisas com precauções. Mas de repente, eu já nem sei mais com o que estou lidando. Pouco faz sentido, nada eu sei. Já está inteiramente me dominando, me sugando. Existindo como uma parte minha que precisa das minhas energias.

E cá estou, com a previsível intensidade dessa coisa. Com a previsível e eterna dificuldade de lidar. Sei la. É uma desenergia, um desamor.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

My brother

Alguém sempre está aqui, sempre volta. Eu sou o lugar do qual ela sente falta. As vezes sinto falta dela também, mas - como tudo, quando está aqui não sei se a quero. O que fazer sobre isso?

Que difícil, por tanto tempo e ainda é difícil. Eu devia falar com meu amigos, pedir perdão a mamãe. Perdoar alguns, eu sei. E então, dirigir, dirigir... Mas acho que, apenas vou deixar tudo como está e dirigir pra lá...

Muitos anos, são milhões de dias. Alguns dias, são dois meses. Parte deles, igualmente pesados, vividos de silêncios e risos; e ainda haverão, descontentamentos e esperanças. E o que mais depois do que falta?

Voltar pra casa, as vezes? Ou não, esperar, pensar na semana passada, ontem a noite e ligar. Só pra conversar sobre o que nunca era dito na presença. Ser lembrado que precisa visitar. Pedir ajuda sobre as janelas e elogiar o sol que entra sobre ela. Discajem rápida, como tudo está, como aqui é interessante. Meio solitário, mas é só o inicio. Mês que vem, final de semana que vem, acho que vou pra casa. Acho que ela sente saudades também.

Como se muda uma vida? É preciso esvaziar antes a xícara pra por algo novo nela? Engraçado, eu nunca fui de deixa-la cheia -, sempre, bebi tudo. Sem profusão quanto as decisões, apenas, preciso que os caminhos estejam ai. Meu irmão já me mostrou a luz, de onde parto. O que preciso - deixar.

Não é precisa temer, tem coisas que deixamos, mas elas sempre voltam. E eu também, também sentirei saudade dela, em algum momento. Em alguns dos milhões de dias... Mas sem permitir, que isso impeça de seguir.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Sendo

Eu sempre procurei ser meio diferente, andar por outros caminhos, observar outros detalhes, dar atenção para as coisas pouco notadas. Algumas vezes me senti boba, como se estivesse tentando ser uma idealista sem sucesso. Mas só depois de algum tempo passei a ver como era interessante ser eu, mesmo que não houvesse ninguém para dizer isso. Até que ai, de quando em vez, sentia saudade de mim, mesmo ainda sendo, eu sentia vontade de voltar há uma frase dita; viver de novo um momento de inspiração. Passei a sentir orgulho de mim, porque eu era tão eu que o resto do mundo não tocava minha essência, nenhum respingo. Eu passei a ser mais feliz, quando vi que eu mesmo me inspirava e que amava o diferente - e que ele era deslumbrante. Amava o diferente de todo mundo, das palavras, das pequenas coisas que constrói um ser. Foi quando decidi abraçar o caos, abraçar a todos e ir. Infelizmente eu ainda tropeço - as vezes me deixo levar. Mas abracei-o e, a cada manhã eu aprendo algo novo e me transformo, pra melhor, mais crítica, mais humana, menos preocupada com o que na verdade não é, nem nunca foi importante.

Sobre antes; fragmentos

❝Quando quiser ser, seja! Quando quiser ir, vá! Quando quiser voltar atrás, volte! Quando sentir que deve fazer algo, faça! Ninguém sabe melhor do que você o que você tem que fazer, quando tem que fazer e de que jeito tem que ser feito. Vá em frente. VIVA, com letras maiúsculas.❝ Caio Fernando Abreu

❝Você tem 13 anos de idade, depois 23, 33. O teu gosto pode mudar, a tua visão do mundo pode mudar, isso é bonito, mais o que não muda é tua essência. Por mais que o mundo diga que você ta errado, você tem você e uma força maior, que diz continua que você esta no caminho certo.❝ Criolo Doido

❝... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, espararei quanto tempo for preciso.❝ Clarice Lispector

Diário do futuro II - Absorver-se

Como serão as paredes, as ruas, os cafés matinais. Sobre que luzes eu vou estar desfocada? Será que vou conhecer pessoas incríveis, alternativas; prontas pra abraçar o mundo, como eu? Prontos para fazer dessa época uma estigma de si mesmos. Mergulhar profundamente em novas coisas, absorver tudo e todos, com ânsia de sentir a vida e, metafóricamente, seguir como em uma poesia do Caio, Cece ou das letras do Criolo.

Não há um só dia, em que pelo menos algumas horas eu não imagine esse novo começo. Mesmo assim, pouco pensei como isso se formaria em relação a mim, sendo que teria que ser um pouco mais do que sou. Mas, pouco à pouco este quesito já se altera. Sim! Eu estou em uma espécie de metamorfose, só espero que todo o resto entre nisso também. Venha o novo e o velho mude.

Minhas escolhas por muitas vezes podem parecer inexplicáveis - quando questionadas. Porém, é mais um receio, pois elas são tão puramente ideológicas, sentimentais, de tal jeito que todas as minhas frases se terminariam em; eu sinto que é isso, sinto que, porque sinto...

E hoje em dia as pessoas não estão acostumadas à isso. É difícil para elas ver seriedade em sentimentos. Como se eles sempre as levassem para um abismo sem futuro. Talvez leve, mas não quando se trata de construir algo. Sabe, sentimento à longo prazo, formar-se, absorver-se, criar, amar profundamente o que está conhecendo. Como negar uma própria natureza... Eu seria hipócrita se não desse ouvidos a isso, isso que sinto.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Diário do futuro I

Pode ser meio estranho ter que suprir em um dia anos de espectativas, desencadear a partir dele, todo o resto. E dali pra frente, justificar anos de vida morna. Você consegue entender o que eu quero dizer? Entende por vários tempos sorrir, existir - com alguma esperança, apenas pelo que há por vir.

O presente sempre exerceu esse indulto papel. Mas aconteceram muitas coisas incríveis nele também; os melhores companheiros, abraçadores, bebados -,sem os quais, jamais saberia a magnitude espressa na palavra amizade.

Mas quanto a mim mesmo, sempre rodei dentro do meu coração, coexistindo com o que rodava na minha cabeça. Eu havia passado da fase de estar aqui. Eu sempre amei este lugar - de alguma forma, pelas pessoas dele, porém minha cabeça não descançava. Não era meu lar. Por isso, passada a neutralidade jovial - ou infância, sempre almejei estar em outro lugar.

É complicado estar deslocado e perceber que existe uma solução. Há, então um intervalo de tempo até chegar nela, o tempo de acumular espectativas sobre a ascenssão de si próprio. De melhores sentimentos, melhores visões; sem desamor. E você consegue compreender como é tão estranho estar próximo, porque sempre imaginei e, imaginação é tão happy ending, já realidade é tão... real.