quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Young lights

Foi em setembro de 2009, na festa em comemoração ao aniversário de 15 anos de uma das minhas melhores amigas. Viajamos cerca de uma hora e meia da nossa cidade para a cidade dela. Eu lembro de estar preocupada "Que roupa usar?". Ela sempre se vestiu e se veste muito bem, possuí um estilo único e convivia com pessoas assim no cotidiano e na escola da sua outra cidade. Fiquei preocupada em conhecer esses outros amigos, preocupada com o que usar, como agir. Por sorte, não estava sozinha. Ficamos todos na casa dela, enquanto ela entusiasmada, como sempre, explicava a ideia para seu aniversário; iríamos jantar em uma espécie de churrascaria/bar, a comida seria paga pelo pai, a bebida ficaria por nossa conta. De lá os planos envolviam um cover dos Beatles em uma casa de shows, não muito distante dali, 

Possuo alguns frames daquele jantar. Principalmente a imagem de como estão as pessoas que conheci naquele dia hoje. Sem que eu pudesse imaginar como algumas acabariam sendo tão presentes ao longo dos próximos anos. Peguei um calçado emprestado de uma das minhas amigas e emprestei uma baby look a uma delas. Quando chegamos lá o garçom nos avisou que a parte de cima estava reservada para nós. Realmente é um momento do qual tenho apenas frames e são pouquíssimos. Não me recordo se escolhi o local da mesa. Não lembro quem estava a minha esquerda. Alguns movimentos e trejeitos de quem ficou na minha frente, talvez. É difícil dizer se reparei nele na primeira vez que o vi entrar pela sala. A primeira lembrança da sua existência é de um breve momento que trocamos alguma coisa; pode ter sido uma conversa, um toque sem querer ou apenas um olhar do menino que sentou no meu lado direito. 

Quando estávamos no show ele falou comigo. Eu ainda era uma pessoa muito tímida e até arrisco dizer que medrosa. Quando um de seus amigos tentou me puxar para trás para conversar, eu fingi que não vi, porque no fundo sabia do que iria se tratar. Mal sabia eu, como essa havia sido a melhor atitude que eu tomaria em cerca de sete anos. Depois desse dia eu nunca mais o esqueci. Isso por diferentes motivos. O primeiro porque poucos meses depois o encontrei nessa mesma casa de show e nos beijamos pela primeira vez. Ali eu não o conhecia, não precisava me preocupar, ter entraves acerca de sua personalidade ou querer adivinhar o que ele esperava de mim. Lembro de ter ficado muito feliz por tê-lo encontrado.

Passamos a conversar muito. Morávamos em cidades diferentes, mas conversávamos todos os dias. Ele fez com que eu me apaixonasse por ele. Até hoje eu não sei se foi intencional. Descobri nessa época que era possível gostar de pessoas diferentes, ao mesmo tempo. Entendi também que ele era uma pessoa que não precisava de mim. Passei a aprender muitas coisas sobre mim, estando com ele, hoje eu sei que foi isso que me prendeu, por mais que não fosse a sua intenção. Demorei muito tempo para perceber que cada conversa e cada encontro me prendiam mais a ele. Até tornar-se uma espécie de personagem da minha vida. A pessoa com quem nunca havia tido algo real, mas com quem minha conexão era muito forte. Uma relação idealizada. Talvez a pior versão de um tipo de amor. 

O destino é um grande culpado de boa parte da nossa história. Ele nos une, talvez sem intenção também. Durante sete longos anos eu o venho encontrando em diferentes ambientes, cidades, momentos. Já estivemos namorando, sozinhos, juntos, distantes, muito próximos e muito longe um do outro. Eu encarno a minha versão mais dramática quando estamos juntos. Sim, eu já tentei superar isso. Mas sabe o que eu mais gosto nele é que ele conhece esse lado e mesmo assim sempre volta. Algumas vezes já tivemos de nos perdoar, confesso que ele nem sempre foi bom pra mim, nem eu pra ele. Quando parece que já era, nos perdoamos. Como ter alguém que sabe quem você é, e o quanto é difícil conviver com isso, mas que não quer perder a conexão que tem com você. 

Eu tive um namorado. Perdi a virgindade. Gostei de muitas pessoas. Senti gratidão e conheci a mim de forma mais profunda. Quando nos encontramos de novo após um tempo. Eu senti as mesmas sensações. Já fiquei um dia, um mês, um ano sem vê-lo. E sempre sinto os mesmos calafrios. Depois desses sete anos de encontros eu disse que gostava dele, em voz alta, Eu me sinto bem por isso, mas também sinto que é a hora da nossa conexão passar a ter outro sentido. Nosso passado é o grande responsável por até hoje eu não ter conseguido me desligar da nossa história, mas o presente tem se mostrado muito duro para mim. Pensar no futuro, no futuro que nós não temos torna muito mais fácil essa decisão. Eu idealizei um história que precisa de um final. É estranho que ela termine exatamente quando eu finalmente consegui falar, mas de tudo que nós vivemos, era só isso que eu nunca havia feito. Falar como eu me sentia. Não apenas pra ele, mas principalmente pra mim.

Agora que eu sei, talvez eu perceba como esse sentido não é tão diferente assim de tantos outros que sentimos ao longo da vida. A caixinha na qual o guardei é muito mais forte do que ela precisava ser. Não quero mais ter medo de deixá-la desmontar, desmoronar ou molhar. Sinto que não preciso mais cuidar dela. Honestamente, estou cansada de ser sua protetora. É claro que ela não vai se desfazer de uma hora para a outra. Afinal, foram sete anos alimentando suas estruturas. 

Agora eu sinto uma ruptura na conexão, apesar de sentir sua existência, não estou ansiando mais por alimentá-la.

"You jump, I jump." 





sábado, 23 de agosto de 2014

Quando tudo acaba I

Estou com um pouco de náuseas. Quando eu era menor gostava de vir aqui pra respirar. Acho que no fundo era fácil, porque eu sabia o que eu precisava escrever. O que tinha era só medo de que meus desejos se perdessem na imensidão da minha mente. Agora é diferente. Realmente estou perdida. Percebi que, diferente de antes, não sei o que escrever. Não é como um lembrete dos sonhos. Tem mais a ver com a busca da respiração ideal. Acho que não sei mais respirar. A tensão é constante, os sustos de madrugada, sem modéstia, se tornaram um detalhe meu. É um teatro do meu corpo, da peça escrita nos meus pensamentos. Eu não relaxo mais, desde, não sei...
Antes eu apenas precisava ter coragem. Apenas, é. Agora é diferente. Preciso que as decisões tenham futuro. Aquilo que era certeza, não seja só experimental. Seja verdadeiro. Eu preciso de verdade, porque dentro da mente é tudo uma questão de coragem e frio na barriga. No real. O frio na barriga e a coragem são pura angústia, um temor antes mesmo da dor. Uma trava que nunca fui capaz de esvair. O que aconteceu, aconteceu. Algumas situações se impulsionaram a mim, em outras me debrucei nelas sem saber. Não sei o que pode ser isso. Uma mistura de lei da atração com destino? Não sei se faz diferença. No fundo o novo é ruim. Mas ele se torna bom, depois que ele é velho. Por isso, que sempre olhar pra trás rende sorrisos, de momentos de choro. Entende? Salvo algumas situações que é entusiasmante.
Eu corri. Parei. Estive bem. Estive mal. Fumei. Bebi. Fugi. Enfrentei. Sorri. Beijei. Chorei. Escrevi. Assisti. Ouvi e nada mais. Como o ciclo, pronto. Agora eu estou de novo a três anos atrás, em uma realidade que precisa se modificar, com uma centena de opções. Sem nenhuma certeza. Acho que é porque agora isso vai se tornar parte de mim de uma forma mais séria.
Eu nunca tive um compromisso sério. Ninguém pode me culpar. Considerando meu histórico eu me sai bem, sabe. Sou responsável. Gosto de ler. Amo estudar o que estudo. Gosto de amar as pessoas. Tenho gratidão por tudo. Não sei. Eu sou narcisista e ainda assim consigo manter uma distancia suficiente pra não magoar as pessoas. Mesmo estando muito próxima delas.
As vezes eu fico triste quando leio o que escrevo. Porque preciso escrever, mas quando está ali, as palavras não suportam a dimensão do que foi dito. Hoje, li algo que me fez sentir melhor. Espero que não seja complacência, nem uma porra de auto ajuda pra escritores - me sinto prepotente ao me incluir na categoria, era mais ou menos assim: "Escritor é escritor o tempo inteiro. Não só quando coloca suas ideias no papel." É confortante pensar que é assim. Eu me sinto uma escritora. Eu sinto as palavras. Existo nas frases. Me compreendo em um texto. Mas nem sempre acredito na minha "obra", quando ela consegue expurgar pras linhas.
Tenho sono. Um pouco de angústia e náuseas. Tenho saudade também. Talvez eu esteja com crise de meia idade I. Aos 20, sabe. Aquele momento em que a saudade se torna nostalgia. E, você começa a sentir um nó. Começa esquecer rostos. Achar que é insanidade você já ter sido criança, ter sido magra, ter usado aparelho, ter passado por frustrações capilares, amores de messenger, amores que poderiam ter sido muito mais, se tivessem começado mais tarde. Eu tenho algo muito grande dentro de mim, as vezes parece uma saudade de sempre, as vezes, uma ansiedade repentina. Eu aprendi a conviver com isso, mas, ultimamente, tenho ficado mais triste que antes. Mas assustada, mais angustiada, menos a vontade com a vida.
As vezes quando eu bebo entro em um desespero muito forte. Me sinto bem por conseguir por pra fora. Mas sinto também uma dor muito profunda, que na sanidade carrego como um peso. Na insanidade como uma fraqueza. No dia seguinte, como mais uma noite.

Preciso dormir...

segunda-feira, 31 de março de 2014

Uma manhã no província

Na primeira vez que senti vontade de conhecer estas terras, pensei que estaria nos versos de Gabriel Garcia Marques, que apesar de toda compulsão dramática possuí o seu romantismo. Mas agora, aqui, é nítido a cada esquina os versos e as veias de Eduardo Galeano. Um lugar parado no tempo e a desordem instaurada, como um país sem lei. O comércio exposto a barganha, para se comprar aqui basta querer e pechinchar. Herança triste de um território que há um tempo, não muito distante, prometia prosperar, não só nas suas terras, mas pelo globo. Os visitantes podem dizer que o Paraguai está findado. O Tio Sam diria: “não, ele está colonizado”.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Maio, meu bem. Alguém tem ânsia por se mover

No começo quando buscava tudo, enquanto caminhava mais e mais, estrada, mar, floresta à dentro, não me importava com os relevos, pedras e musgos que faziam resvalar. Valia, de alguma forma, a pena. O cansaço era insone, os desejos podiam esperar. A existência parecia se guardar em cada segundo de espera, mas como alguém que chegaria. Um tempo bom, terna recompensa para o pesar - dos ombros. 

Agora, finalmente percebo como a visibilidade e os passos eram pouco claros. Apenas não podia ficar na inércia, mas não necessariamente eram aqueles os únicos movimentos. Mal sabia deles, hoje é diferente. Preso em processo, onde não há regresso sem final de ciclo, é visível os verdadeiros movimentos que movem. Os coordenadores da sinergia, que gestionam o início do sorriso, do ardor dos sentidos, capaz de oscilar o coração de vontade. Presa numa bolha de pesares, através daquilo que não é feliz, finalmente a percepção do todo, a partir daquilo que de fato é valioso.

Maio, meu bem. O espero como alguém que tem ânsia por se mover. A inercia dos desejos não aparenta a mesma calma de antes. Sinto que cheguei ao meu começo, como alguém que finalmente se depara com o sonho que não foi vivido. Maio, meu bem. 

Do amor, ao acre. Da companhia àquilo que fazemos só. Da mãe ao melhor amigo. Da universidade à um domingo de tarde. 

De mim, para mim mesmo, como sempre o é.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Eu sempre quis o silêncio. Sempre quis a solidão, mas de repente eu preciso da companhia. O silencio da solidão sempre foi confortante, eu ainda transbordo quando sei que estou só, mas de repente eu percebi que ela está me afundando. Eu estou me destruindo pra dentro. Perdendo o sentido de fora, mesmo conectada. A existência parece monótona, até mesmo quando alcança o sonho. Nem sei mais o que é sonho o que é óbvio. Eu descobri tantas coisas, cheguei  a sentir um quase orgulho de mim por um tempo, mas agora me pergunto se eu descobri ou se apenas disseram pra mim. Me pergunto se eu estou construindo ou apenas reescrevendo - repassando, o sonho de alguém.

De todos os momentos da minha vida até hoje, viver o sonho tem sido o mais difícil. De todos, é neste em que definitivamente me pergunto: Quem sou eu?
E pela primeira vez, não soa como uma frase démodé.
E nessa altura, esses detalhes não importam mais. A busca parece tão complexa. O caminho tão curvado. Que, detalhes, são apenas detalhes diante do que é.

Mas o que é. O que eu quero saber. Porquê eu quero saber.
Para quem eu quero dizer. Quem eu quero que saiba. Quem eu quero que me diga.
Quem é? O que é admiração. É bom? Não?

O que é o que. Quem é o que.

Quem sou eu.

Quem é você.

Me sinto cansada pelo sol. Meio sem chão. Meio sem abraço. Como quem esqueceu o casaco, ao sair pela manhãzinha gelada. Alguém perdido em meio as migalhas. Meio sem sono. Completamente cansada. Completamente culpada. Sem culpa. Com culpa. Com açúcar. Sem afeto. De sweater. Sem adiantar. Meio meia manga.

Como outono e primavera. Um escritor que não quer ser poeta. Mas é poeta, porque tem uma dor. Um amor. Porque ama as palavras. Os sotaques e a terra. Que terra. A sua ou a de alguém?

Quem é esse poeta. Quem ele pode ser.
O que ele sabe. O que ele deseja.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Me fiz

Eu estava sem lugar. Pelo menos era assim como me sentia. Vi imagens. Procurei texturas. Encontrei detalhes. Bebi algumas doses. Encontrei quem eu não queria. Busquei pouco. Quis demais. Não sustentei. Fiz de menos. Fiquei com metades. Olhei pra frente. Perdi os lados, a razão. Voltei. Ouvi os sons, escrevi as palavras. Me descrevi nas estrelinhas. Acrescentei. Me perdi. Temi. Me esqueci. Estava lá. Lembrei. Senti. Sabia para onde deveria ir.

E fui...

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Love is the new blackt

Nunca sei o que dizer nessas datas especiais. Não sei porque decidi escrever também. De um jeito simples eu estou feliz. Não é como se tudo estivesse em ordem, mas o principal está, o resto são coisas minhas decisões de vida, de ordem. Coisas que no fundo eu já decidi, mas ainda não tenho coragem de dizer ou de mudar. Mas eu sinto, que tudo ficará bem.

Por demais...

Natal. Por enquanto estou sentada na sala. Seguro minha xícara de café, com gosto de casa. Logo esse vazio, tomado pelo silêncio será preenchido. Meus irmão e minhas irmãs logo estarão aqui, com seus maridos, namorados e filhos. 
Pra falar a verdade, não lembro de nenhum natal ou data especial, que tenhamos passado apenas nós, Pai Mãe, brothers and sisters. Isso é coisa do tempo. Da passagem dos dias. Da época dos nascimentos. Das vidas que não nascemos pra passar juntos. Mas quanto a isso também está tudo bem. Quero dizer, cada um lida com isso de alguma forma. Alguns gostariam que o tempo voltasse, que as coisas ainda pudessem ser diferentes, mas, não tem muito o que fazer em relação a isso. 

Minha Mãe se mostra preocupada com todas as coisas que é necessário preparar para um verdadeiro almoço de família, sem contar que é natal. Só que, no fundo, bem lá no fundo, ela deve estar saltitando de felicidade. Mais que isso, existem coisas que estão sendo diferentes, apesar de toda a aparente normalidade. Começo por mim. Por esta áurea que me norteia. Espero não estar enganada. Espero que muitas coisas tenham mudado. 

Fazem dois anos que desejei muitas coisas, aqui mesmo. Muitas delas saíram além do que eu poderia pensar. Outras diferentes. No todo é como se desejar tivesse trazido bons efeitos. Nem mesmo cabe em mim a satisfação de ver que muitas das coisas que eu queria quando ainda era uma "criança", faziam todo o sentido e agora fazem muito mais.

Isso parece uma retrospectiva a cinco dias do ano novo, mas é apenas Natal. Necessidade de conversar antes de tantas conversas que se sucederam nesse encontro familiar, que seja delicado, especial e diferente.
Que tenhamos amor pra recomeçar, as conversas e o ano.

Love is the new black.