quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Nietzsche podia prever...

ECCE HOMO, "PORQUE SOU TÃO ESPERTO", §10 (1888)
[...] Em nenhum instante da minha vida se poderá apontar um gesto pretensioso ou patético. O pathos das atitudes não pertence à grandeza; quem em geral necessita de atitudes é falso... Cuidado com os homens pitorescos! - A vida se tornou para mim leve, levíssima, quando reclamava de mim o mais pesado. Quem me viu setenta dias deste outono, em que eu, sem interrupção, só fiz coisas de primeira ordem, que nenhum homem pode repetir - ou imitar, com uma responsabilidade por todos os milênios depois de mim, não terá percebido nenhum traço de tensão, mas antes um transbordante frescor e serenidade. Nunca comi com mais gosto, nunca dormi melhor. - Não conheço nenhum outro modo de tratar com grandes tarefas, a não ser o jogo: isso, como sinal de grandeza, é um pressuposto essencial. A mínima coação, a expressão sombria, algum tom duro na garganta, tudo isso são objeçôes contra um homem, quanto mais contra sua obra!... Não é permitido ter nervos... Também sofrer com a solidão é uma objeção - sempre sofri somente com a "multidão" [...]

Livro Transvaloração dos valores.
Uma junção de trechos das abras e pensamentos de Friedrich Nietzsche.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Telescopes - O amor

Um holocausto espalhado em toda parte do ser. Estagnado, dirigido e podendo ser flagrado apenas pelo olhar, mesmo ali, estancado na cara, apenas pelo olhar. Há alguma maneira de conter?! Há alguma maneira de não ser tão doce. Mesmo simplificado, é tão misterioso. Despertando tantas coisas. Indo e voltando, um holocausto instalado, perdido, mas não sozinho.

Sabe a sensação de quando sentimos algo sobre uma fotografia, a percepção do momento, o detalhe. É estranho mas é sobre a presença, a nostalgia de uma momento "existido". Inexistente agora, mas sentido por estar um pedaço ali. A presença como um abraço, longe, mas apenas por estar no mesmo espaço, por dividir a dimensão. Quando ajusto o foco, está ali a imagem, existindo como a presença próxima, muito próxima. Do meu lado, do lado de dentro.

Não consigo parar de sentir. Nem mesmo os silêncios e o que precisa ser dito, não dito, termina ou diminui isso. Como se meu ser adorasse estes olhos. Como eles olham. Como eu me sinto, sobre o que eles me dizem em meio a tanto silêncio. Tudo que eu vejo - eu sou alguém que enxergo muito, muito no pouco. E pode ser absolutamente nada. Apenas eu, no meio desse holocausto, com a presença inexistente, nunca existida. Perdida e agora sozinha.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

De mim para mim mesmo

...talvez sejam as novas cortinas, que minha mãe comprou, são de um plastico marron escuro, um pouco hippie mas se encaixou perfeitamente na sala, no corredor e com o sorriso no rosto dela.

Algumas coisas não se pode julgar de inicio, elas as vezes simplesmente tem de acontecer, anos passando, coisas novas tomando lugar das velhas... Um sentimento sobre o outro, amizades, aniversários, futuro... Não é necessário ver isso como algo ruim, é só necessário ver, assentir, deixar passar, esperar quando algo mude de novo.

Não é como se fosse ruim, as coisas vão, tudo se vai. Só precisamos dizer adeus. E então elas vão. Não é mais como se fosse ruim, como se nada fosse vir e tomar esse lugar que ficou. Adeus e tudo fica bem. Só coisas mal resolvidas causam dor. As outras doem também, mas é diferente. É o que eu procuro pensar, uma espécie de teze, de mim para mim mesmo.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

"Hey jude don't be afraid"

As vezes vejo inspiração e respostas no silêncio, derrepente ele só me traz solidão e desesperança. Em alguns momentos eu sei tudo o que preciso, e então, logo após é apenas só mais um movimento entre tantos, entre todos. Como se eu fosse boa em criar, ruim em, definitivamente, fazer.

Não há um momento certo de declínio, simplesmente acontece. Vai e volta, com a mesma frequência. Convergindo entre tudo em mim... Então, há sim um ponto. Todo o visual, os sons itinerantes e singelos, a arte visual, o design da foto, o jornal na lista, a revista estirada falando mais do que só há, literalmente incrustado em suas folhas. Os livros, por fim... o doce gosto, a porcelana, a história silente na tela.

Tudo isso só um sequencial de palavras. Pra mim meu código existencial. Meu prólogo, ali numa transição dele próprio. Nessa hora eu sei e sinto, não há um canto vazio. O que está vazio é visual, pois tudo está preenchido como deveria. No lugar que devia. E eu estou certa disso tudo!

Um portefólio, uma arte inexistente no presente. Para que eu escrevesse sobre o segundo instante, o qual tudo é confuso, eu teria de fazer desta forma. Inventando um portefólio. Porque agora ele não está presente em mim. Há sim as lembranças breves, mas eu tenho uma linha tênue, entre o que eu sou agora. E qualquer imagem ou minimo sentimento, pode trocar-me de estado, tirar deste que vê tanto sobre mim mesmo e minhas escolhas, e, por-me neste outro, onde sou tudo de incerto. Mas, todo o incerto que eu mesmo não creio/quero ser.

Há muito em mim, muito que eu quero ver, viver, sentir, ouvir, escrever. Diferenciar de tudo o que vejo, que já me atraí. Não sei o caminho onde quero chegar. Com tudo o que eu quero sentir. Por agora, só sei que quero ir pelo ir. Ir já é encantador pra mim. É só o que não muda. Há todas essas coisas e tanta gente, e eu tenho medo disso, tenho medo de ser esse eu, que derrepente crio e derrepente não crio mais.