domingo, 10 de novembro de 2013

Ela se chama Juliana

Ela chama Juliana. Tem uma boca santa. Olhos que não consigo tirar de mim. Não sei que caminhos da vida me trouxeram até ela. Quais das minhas escolhas, fizeram a gente se encontrar. Eu sempre quis conhecê-la, mas a verdade é que nunca acreditei que isso aconteceria de verdade. Muito menos que a teria, tão perto como nunca imaginei ser possível. Aqui do lado, do lado de dentro de mim.

Juliana...

É nítido, eu sei. Cada expressão do meu rosto. Cada movimento do meu corpo me denúncia. Sou inexplicavelmente apaixonada pela Juliana. Pelo cheiro bom que ela tem. Pela doçura polida das suas frases. Pela voz, vez em quando roca. Pela timidez, que se perde em segurança. Eu gosto, até de quando ela me diz não. E como me diz não essa menina. Eu adoro sentir raiva dela. Adoro quando ela sente raiva de mim. Porque é quando a gente mais se toca, mais se olha, mais decide que é hora de dizer, o que é que nós temos de ruim. São tantas reclamações, que é como se não houvesse algo que nos conectasse, mas ainda assim, estamos ali, completamente ligados, por uma espécie de necessidade pura, sem porque.

Duas. Três horas...

Sempre na madruga nos vemos. Nos esquecemos das coisas. Do tempo e das cerimônias. Dos modos. Do pudor. Da vergonha. Esquecemos porque não estamos juntos, que estamos juntos.

Eu passo tanto tempo sem ver a Juliana, que é impossível não me entregar completamente nesses encontros. Encontrar, oh Meu Deus! como é bom você encontrar alguém que você ama. Mas nossos encontros, são tristes, terminam frustrantes, tanto pra mim quanto pra ela. Contudo, eles são tão necessários quanto o ar. Sem ele é tudo muito sufocantes, o ar mal passa pelos pulmões, e a garganta vive como se estivesse com algo preso, prestes a sair e destinado a ficar por ali.

Por que?

É que, nós conversamos muito. Nós vivemos eternas discussões de relacionamento. O que parece impossível, já que não temos um. Nas palavras dela: "não temos nada." Mas nossas conversas são assim, nós falamos, falamos, entendemos, discutimos, não nos entendemos. Nos entendemos. E no fim, fica claro que o que nós temos é aquele momento, o agora, porque nós dois desejamos coisas diferentes do antes e do depois. Por isso que nos vemos tão raramente. Eu e Juliana. Por isso, aparentemente, somo algo que não existe. Ela é o espírito, eu sou o corpo. Ambos conectados, mas que não necessariamente são um.

Somos como eles. Nós somos dois. Sempre seremos. Juntos, aparentemente nunca seremos nós. Juliana, do corpo normal. Da pele da cor que me encanta. Dos cabelos que eu adoro. Do beijo mais intenso que eu conheço. Linda moça. Ela se chama Juliana e mora no meu coração.

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