terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Dedicatória

Agradeço a uma das Professoras mais inspiradoras que já conheci. Agradeço a ela por nos instigar a escrever sobre a indignação com sentimento, a nos instigar a amar o jornalismo e fazer dele mais do que é, a nos instigar a lutar como os jovens dos anos 60, que escreviam mais do que para contar, escriam para viver, para salvar a eles e aos outros. Obrigada também pela oportunidade de escrever o que muitas vezes ficaria preso por aqui.

Uma crônica sobre São Paulo, para a diciplina de Português, após uma viajem do curso...

São Paulo

É assim que nasce uma história. A partir de uma vontade irremediável de fazer alguém existir nas suas palavras.
Um ato desesperado de busca por si mesmo, através do outro.
Através daquilo que te indigna.

Depois de um olhar demorado... Quase sempre é assim que nasce uma história.

Eu nunca tinha perdido a fome. Não daquela maneira.
De repente muita coisa fez sentido.
Muita coisa deixou de fazer, também.

Não dá pra descrever. São Paulo é uma moça morta. Que pulsa!
Em cada canto vozes, muitas vozes. Todos falam ao mesmo tempo.
Porque ninguém tem tempo. Todo tempo é tempo perdido.

Em cada esquina uma embriaguez artística.
Uma poluição.
Um lixo visual, sonoro e mais lixo.

São Paulo é uma casa
É uma galeria pintada.
Nas calçadas camas, nas paredes telas.

Nas camas pessoas, nas pessoas vontades, nas vontades muros.
Nos muros telas, com vozes pintadas nas paredes da cidade.

Eram doze horas, meio-dia, já estava comum passar por ali.
Comum sentir aquela sensação indigna.
Havia se tornado uma indignação passiva.
Eu nunca tinha perdido a fome. Não daquela maneira.

Não sabemos a história de ninguém.
Quem teve escolha. Quem não tem.
O sentido dessa cidade está nos detalhes.
E os detalhes tiram a fome.

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